Eu ainda era um Athro quando
tudo aconteceu, mais ainda me lembro como se fosse ontem, foi assim:
Eu, Garras-de-Vidro, acabava
de me tornar um Athro, estava contente por isso, mas mesmo assim refletia
sobre as minhas responsabilidades de posto. Esta quase perto de me tornar
um ancião e achava muito engraçado pois estava no alto dos
meus 30 anos, e já havia membros de minha matilha de gozavam de
mim por isso.
Certo dia,
minha matilha e eu estávamos num dos maiores e mais bem guarda-
dos Caerns do Interior de São Paulo, me sentia em casa, pois como
Andarilho do Asfalto, não me sinto bem em um território selvagem.
A cidade onde fica esse Caern era extremamente apropriada para mim, calma,
mas com uma Shoping Center logo a 5Km. Passei 3 dias lá substituindo
o informante infiltrado na cida- de, que havia sido extremamente ferido
por alguns Cadáveres, mas ele passava bem. Quando meu mestre apareceu
uma noite em meus sonhos, me chamando para as montanhas ao norte do Monte
Fuji, no Japão. Era muito longe e eu não podia deixar o meu
posto, mas acima de tudo, era meu mestre que me convocava e eu não
poderia recusar o chamado a quem dedicou quase toda vida me doutrinando.
Arrumei as malas e disse ao líder do Caern que estaria de volta
em alguns dias. O resto de minha matilha ficou e tomei um avião
(pago por um dos meus amigos de tribo, que por sinal é dono da Varing)
e cheguei em Tókio, capital do Japão. Não parei nem
para tomar café no aeroporto, parti logo para a direção
do Norte. Cheguei mais rápido pois peguei um taxi coicidentemente
com um Peregrino, que só tinha pego um bico nessa profissão
para viajar mais. Cheguei e em cima da montanha estava meu mestre olhando
contemplativo para o horizonte com um olhar muito triste. Mesmo com o incomodo
do frio e da neve, e princi- palmente da falta de uma TV, cheguei perto
dele e procurei para conde olhava... nada, não vi nada a não
ser sol quase se pondo. Reverenciei-o e ele disse:
- Pronto ... está acabado ...
- Acabado oque mestre ? (perguntei curioso por
ele não ter me aferecido um de seus chás)
- O Caern de onde você veio, está
acabado ...
Arregalei os olhos: - Não é verdade
mestre ! Não pode ser, eu tinha amigos lá, minha matilha
inteira estava lá !
- Não ... Todos foram levados para um lugar
seguro, não se preocupe.
- Mas ... então porque me chamou ? Era meu
dever quardar aquele Caern ...
- Sim, mas não adiantaria, muitos Portadores
da Luz previram esse fim, nada poderia ser feito. A Wyrm invadiu com milhares
de Malditos, não sobrou nada.
- Mas é um lugar sagrado e era o mais poderoso
Caern da Região !
- Ponto estratégico da Wyrm agora. É
nosso dever livrar aquele Caern das mãos da Wyrm.
- Mas como ? Como a Wyrm conseguiu convocar tantos
malditos sem que os Andarilhos que estavam por perto soubessem ?
- Aquele Caern era muito poderoso. Mas não
só o Caern, mas como toda a região em volta dele. A Wyrm
tem pelo mesmos 5 Covis nas redondezas para esconder seu exército,
isso um dia teria que acontecer.
- E agora ? Oque faremos ?
- Existe um Galpão abandonado onde estão
todos os membros do Caern abriga- dos, vá e junte Garous o suficiente
para invadir e tomar de volta o Caern.
Eu concenti apesar de não gostar muito da
idéia. EU teria de ser o lider disso tudo e não sei se seria
capaz. Voltei para o galpão e no caminho pensei se não poderia
deixar isso tudo a cargo de um Presa de Prata, de um Senhor das Sombras
ou de mesmo de um Cria. Chegando no Galpão revi os amigos e o líder
do Caern veio falar comigo.
- Seu mestre nos avisou do ataque, estão
todos bem, não se preocupe.
- Então ele já deve ter contado sobre
oque eu devo fazer.
- Sim, e acho que todos aqui estão de acordo
e acham que é a única solução.
- Então ? Temos gente o suficiente ?
- Acho que não. Temos ao total 152 Garous,
sendo um exército de 22 Crias, 19 Fúrias, 22 Wendigo e 28
Garras sendentos de sangue maldito, mas todos estão querendo ir
pa-ra a grande batalha.
- Apesar do poder do Caern, a Wyrm não aguentaria
um ataque com cerca de 150 Garous de uma vez ...
- Com certeza, mas por via das dúvidas,
uma matilha de Garous formados apenas por 7 Crias e 2 Uktenas estão
vindo, provavelmente chegam hoje a noite. Todos estão prontos e
podemos atacar amanhã a noite sem muitos problemas de sermos vistos.
- Ok, agora vamos descansar, temos uma dura batalha
amanhã.
Falei isso mas não consegui dormir. Fiquei
dicutindo a estratégia de ataque com alguns Senhores das Sombras
e Portadores e quando vi, já tinha amanhecido. Caí no sono
depois do almoço (no Mac Donald's da região, claro) e quando
acordei a movimentação era grande. Vi muitos Garous afiando
as Garras, carregando armas e amolando Fetishes. Percebi que estava tudo
pronto. Peguei minha carabina que eu tinha a anos. Coloquei a munição
e tomei a frente daquele incrível batalhão.
- Por Gaia ... como eu posso estar fazendo isso
? - Pensei comigo mesmo.
- Está tudo pronto, podemos começar.
- Disse um Fianna se aproximando e saido do meio da multidão.
- Ok. Eu falei meio sem geito e ele me deu as costas
para se juntar ao exército
Abaixei a cabeça pensativo, mas levantei
alguns segundos depois.
- Espere ! - Gritei para o Fianna.
Ele parou e me olho por cima dos ombros.
- Venha, preciso de você.
Ele se virou e se aproximou. - Oque quer ? Está
na hora, não podemos nos atrasar.
- Quero que você anime esse pessoal, quero
que lhes dê motivação ...
- Certo.
O Fianna subiu em um toco de árvore e começou
a cantar uma canção, muito bonita que se tratava de um povo
que foi expulso de sua terra, como nós. Não ouvi o resto
da canção pois estava muito preocupado. Deveria mesmo ser
EU a liderar esse ataque. Me sentei na grama e olhei para Luna. Tentei
lembrar de algo e a imagem de meu mestre falando para eu sempre confiar
em mim mesmo me vei a memória. Quando voltei, mais aliviado, vi
todos sentados em volta do Fianna. Ele me chamou e seu subi no tronco e
desabafei.
- Sabem ... nem sei como começar, mas espero
que vocês dêm o melhor de sí, pois é isso que
precisamos para tomar nosso antigo Caern. Mas pensem bem, não estou
obrigando ninguém a ir e eu acho que muitos dos meus amigos Presas
de Prata levariam isso adiante muito melhor que eu.
Percebi que todos me olhavam com orgulho, um orgulho
que não sabia porque me olhavam assim, mas continuei.
- Vamos ao ataque agora, mas acima de tudo preso
pela vida de meus compa- nheiros, meus colegas, meus amigos, meus irmão,
enfim, meu povo. Espero que todos asim vivos dessa e ... - Olhei para os
lados - Que Gaia esteja conosco e Luna em seus corações.
Um só coro de gritos aplausos e uivos vieram
para cima de mim. Dei um uivo, entrei na forma Crinos e logo um batalhão
de Garous passava por cima de todas as criaturas vis que estivessem pela
frente. Não me lembro muito da parte das bata- lhas, mas o fogo
e o sangue se espqlhavam por toda parte. Matei o maior número de
malditos que eu podia e daí pra frente é só uma lembraça
de gritos ... uivos ... tiros ...
Amanhecia e tudo parecia destruido. Foi um ataque
e tanto. Me encontrei sentado em uma pedra, minha carabina não tinha
mais balas, eu estava cheio de sangue e em volta de mim, muitos corpos
no chão. Olhei ao meu redor e muitos dos meus amigos estavam ajudando
outros com curativos ou recolhendo corpos. Olhei aque- la cena e me senti
apavorado e ao mesmo tempo enfurecido: "Como pode a Wyrm causar tanta dor
?" Voltei a contemplar a cabeça de um maldito que jazia na minha
frente. Em seus olhos parecia que eu podia ver a Wyrm, a corruptora em
pessoa, rindo de mim, rindo de tudo, rindo do mundo como se falasse que
aquilo era só o começo, o começo daquili que chamamos
de Apocalipse. Nunca senti isso tão pró- ximo do meu coração.
Me levantei e vi um de meus colegas de matinha caido chão a mais
ou menos 5 metros, corri, sltei corpos e corpos, cheguei.
- Queira Gaia que não esteja morto, meu
amigo.
Ele estava mal, mas resistia fortemente. Chamei
por ajuda, estanquei o sangue do ferimento com um pano mas a ajuda não
vinha. Percebi que meu grito por ajuda ia se misturando com outros, centenas,
milhares deles, ecoando. Corri para a barraca de primeiros socorros e achei
algumas coisas que poderiam ser úteis, corri mais uma vez como nunca
tinha corrido antes. Ajudei meu amigo, ajudei vários outros quando
alguém me disse: "Garras-de-Vidro ! Sua perna !" Olhei. Sim, minha
perna estava ferida, não tinha percebido nada até o momento,
só pensava em ajudar meus irmão. Coloquei uma bandajem e
saí em busca de mais sobrevi- ventes, e quanto mais eu procurava,
mas pessoas queridas eu achava morta ou ferida.
Dois dias depois estavamos enterrando
os corpos. Uivos tristes cortavam o ar, eu não queria olhar tudo
aquilo, mas era minha obrigação dar um último adeus
a quem deu sua vida para proteger esse lugar. Enquanto os corpos desciam
recebi o relatório de sobreviventes. Dos 161 Garous (162 me incluindo)
96 sobreviveram, desses 68 estavam feridos. Acabava-se a cerimonia aos
mortos e eu amassei o papel das estatísticas procurando uma resposta,
olhando para todas aquelas covas, senti a fúria correndo por minhas
veias, me virei jurando matar um lacaio para cada irmão que morreu.
Jurei, assim, em voz baixa, para que apenas seus espíritos ouvissem.
Voltei para a cabana do líder
do Caern e lá estava ele reunído com um conselho de anciões.
Eles pediram para que eu entrasse. Entrei, minha perna ainda doia, tinha
sido uma perfuração muito profunda, acho que a forma Crinos
me salvou, poderia estar sem perna agora.
- Então ? - eu disse - Oque querem de mim
?
- Conversamos muito e achamos que esse lugar não
é seguro para o Caern, devemos abandoná-lo imediatamente
antes que aconteça outra desgraça dessas.
A fúria me tomou novamente mas tentei me
controlar, não consegui.
- Oque estão dizendo !?! Depois de tudo
que passamos, de todos que morreram, vocês agora querem abandonar
tudo isso e deixar que a Wyrm tome-o de novo ?
- Não é isso Garra, escute, vamos
pedir permissão a Mão para que que transoporte todas essa
energia para um lugar mais seguro.
- E onde seria isso ?
- Num outro mundo, onde toda essa energia esteja
segura. Vamos guardá-la em sua homenagem em um computador.
- Como ??? Em uma máquina ?
- Sim, Gaia nos dará o dom de entrar pela
rede e desfrutarmos de toda essa energia.
- Bem, se assim Gaia permitir, acho que nada mais
justo e seguro.
2 meses depois estava tudo pronto,
fizemos um grande ritual e colocamos toda energia dentro do meu Notebook,
onde eu poderia enviar para qualquer lugar. Mandei para um servidor e até
hoje ele está aqui. Não existem muitos Garous co- mo antes
e nem é necessário uma vigilância muito constante pois
o Caern é protegido pela Weaver. Mesmo assim temos um Sentinela
que fica 24 horas por dia cuidado dele. Muitos Garras Vermelhas, fúrias
Negras e Wendigos se mudaram para outro Caern, em contrapartida, o número
de Andarilhos aumentou em muito, chegando a receber visitas de vários
lugares do planeta. Alguns dias depois o Líder morreu e me colocaram
na liderança do Caern, rebatizei-o e espero que eu tenha muita sorte
no comando desse lugar que é para nós tão sagrado.
Eu sou Garras-de-Vidro e deixo isso escrito para que aqueles que venham
depois de mim não se esqueçam dessa batalha que levou muitos
de nossos irmãos.